Carmina Burana Sob Céu de Brasília: o Grand Finale do Festival Sinfônico V

Carmina Burana Sob Céu de Brasília: o Grand Finale do Festival Sinfônico V

Um encerramento clássico, popular e grandioso, assim como foi toda a programação desta 5ª edição do Festival Sinfônico. Com um belo desfile de atrações, a começar pela apresentação do projeto Viva Arte Viva ao lado do Coral 10; passando por Eduardo Rangel, Marina Melaranci, Gabriel Grossi e Edson Cordeiro, a última noite de encontros entre artistas dos mais variados estilos e ritmos musicais com a Orquestra Filarmônica de Brasília promete exceder quaisquer expectativas do público que comparecer à Concha Acústica, na noite deste sábado (7/9). Afinal de contas, esta será a primeira vez em que a cidade será testemunha de uma encenação da cantata cênica Carmina Burana, de Carl Orff. Além da música, que será executada ao vivo pela orquestra do maestro Thiago Francis, o espetáculo contará com coreografia inédita da grande Cristina Perera para o Corpo de Baile da OFB.

Popularmente clássico e grandioso

A despedida da 5ª edição do Festival Sinfônico e da Concha Acústica de Brasília começa com um espetáculo emocionante. Isso porque a OFB receberá o projeto Viva Arte Viva, uma iniciativa que há 18 anos vem mudando vidas por meio da música, dança e teatro. A apresentação, intitulada Viva Arte Viva em Cena, trará a energia e o talento de 280 crianças de diferentes escolas públicas do Distrito Federal que, ao lado dos músicos da OFB e do Coral 10 de Brasília, darão um show de inclusão e criatividade. A coordenadora geral do projeto, Cleani Calazans, explica que o espetáculo é o resultado de um semestre de oficinas intensivas e traz uma forte mensagem sobre educação ambiental. “Foi uma criação coletiva entre os arte-educadores e os alunos, que se transformou em uma apresentação de porte, levando as crianças do espaço escolar para um grande palco”.

Depois da criançada, o FSV será palco de um reencontro emocionante entre o cantor e compositor Eduardo Rangel e a Orquestra Filarmônica de Brasília, que, em 2006, gravaram um disco ao vivo no Teatro Nacional de Brasília. Rangel, que tem composições gravadas por artistas como Edson Cordeiro, Márcio Faraco, Indiana Nomma, Renata Arruda, Ju Cassou e Antenor Bogea, estreou na cena musical com o álbum “Pirata de Mim”, de 1998, onde está a canção “Copacabana Blues”, que lhe rendeu uma indicação ao Prêmio Sharp de Música, competindo ao lado de grandes nomes como Chico Buarque e Paulo Miklos na categoria de melhor compositor do ano. Será que esses hits vão estar no setlist do espetáculo? Só indo pessoalmente para saber, mas, para quem gosta de spoilers, “Viúva” é uma das canções que certamente não ficará de fora.

Eduardo Rangel. Crédito: Débora Amorim
Eduardo Rangel. Crédito: Débora Amorim

Como essa noite será reservada quase que completamente à música clássica em sua essência, quem também fará parte da festa é a mezzo-soprano ítalo-brasileira Marina Melaranci, que é dona de técnica impecável e presença de palco arrebatadora, e de um currículo de trabalhos e apresentações que vem conquistando plateias por onde passa, como o Teatro Marcello e a Sala Baldini em Roma; o Palais Royale em Bruxelas; o Ateneu Romano em Bucareste; o Oratoire du Louvre em Paris e a Sala Brasil em Londres. Em 2022, Melaranci cativou o público ao interpretar o icônico papel de Carmen, da ópera homônima de Georges Bizet, mostrando seu talento musical com a Orquestra Sinfônica Cláudio Santoro de Brasília. Seu percurso musical inclui também os últimos dois anos de colaboração dedicada com a Filarmónica Paul Constantinescu na Romênia.

Marina Melaranci/ Divulgação
Mezzo-soprano ítalo-brasileira Marina Melaranci/ Divulgação

Após um hiato de pelo menos dois anos sem se apresentar em sua cidade natal, o harmonicista brasiliense Gabriel Grossi aceita o convite da OFB para participar do Festival, onde apresentará uma verdadeira obra-prima. “Tenho certeza de que faremos uma apresentação para lá de especial com o concerto do Villa-Lobos para harmônica e orquestra. Essa é uma peça raríssima e belíssima do Villa, que é realmente o divisor de águas na história do meu instrumento e da música brasileira”, conta Gabriel, que é considerado um dos melhores harmonicistas do mundo. Com 15 discos em seu nome, Grossi foi integrante do Hamilton de Holanda Quinteto, conjunto vencedor do Prêmio da Música Brasileira em 2007 e finalista do Grammy Latino por três vezes consecutivas. Prolífico produtor e compositor, já trabalhou com grandes nomes do métier, tais como Hermeto Pascoal, Chico Buarque, Milton Nascimento, Jacob Collier, Snarky Puppy, Winton Marsalis, Djavan, Ivan Lins, Ed Motta, João Donato, Guinga, Lenine, Dominguinhos, Dave Matthews, entre outros.

Gabriel Grossi. Crédito: Mariana Patriota
Gabriel Grossi. Crédito: Mariana Patriota

E, seguindo a curva ascendente, o Festival Sinfônico V irá temperar a noite clássica com a virtuosidade pop de Edson Cordeiro. Com sua exuberância vocal e performance teatral, o cantor promete um espetáculo memorável; afinal, desde seu surgimento nos anos 1990, ele seduziu plateias ao redor do mundo com sua voz de contratenor e repertório eclético, muitas vezes dançante e provocativo. Ganhador de inúmeros prêmios, Edson usa sua impressionante amplitude vocal para transitar entre ópera, música erudita, clássicos da canção brasileira, música latina, jazz, rock, pop e dance music. Radicado na Alemanha desde 2007, Cordeiro divide seu tempo entre turnês internacionais e gravações. Atualmente, ele se dedica à produção de seu décimo quarto álbum, sob a direção musical de Zeca Baleiro. O primeiro single, “Tango do Cordeiro”, destaca todo o virtuosismo que Edson tem, o que já lhe rendeu uma indicação ao Prêmio da Música Brasileira de 2024, ano em que celebra os 25 anos do projeto “Disco Clubbing” e estreia o show “Cantor”, que exalta a arte do canto.

Edson Cordeiro. Crédito: Edu Lopes
Edson Cordeiro. Crédito: Edu Lopes

A cereja do bolo

Dizem por aí que o melhor a gente guarda para o final. Pelo menos no tocante à programação do Festival Sinfônico V, a máxima se aplica à perfeição, já que seu encerramento se dará com a cantata cênica Carmina Burana, um ato que promete ser, de fato, um grand finale. Afinal, quantas vezes o brasiliense já assistiu a um clássico musical dessa magnitude apresentado ao vivo, a céu aberto e às margens do Lago Paranoá? O espetáculo contará com regência do Maestro da Orquestra Filarmônica de Brasília, Thiago Francis, e coreografia assinada pela renomada bailarina Cristina Perera.

Composta pelo alemão Carl Orff, em 1937, Carmina Burana é uma cantata cênica que reúne 24 poemas medievais, explorando temas universais como a fortuna, a primavera, o amor e o vinho. Com sua estrutura quase operística e uma música vibrante e intensa, a obra se tornou mundialmente famosa, ultrapassando fronteiras culturais e integrando a cultura pop. O icônico “O Fortuna“, por exemplo, é amplamente reconhecido e apreciado em todo o mundo, sendo frequentemente utilizado em trilhas sonoras de filmes e até de jogos de videogame, como “Final Fantasy IV“.

A grandiosa apresentação se traduz em números que impressionam, reunindo sob a batuta de Francis uma orquestra completa de 62 músicos; os solistas Daniel Menezes (tenor), Diego Silveira (barítono) e Natasha Salles (soprano); as dez vozes do Coral 10 de Brasília e as outras 80 do Tutti Choir; além do coral infantil, que é composto por 40 vozes de alunos do Centro de Ensino Fundamental 11, do Gama. Destaque para o Corpo de Baile da OFB, que é composto por 12 bailarinos que, dirigidos por Perera, irão apresentar uma coreografia inédita a um público que soma cerca de 5 mil pessoas sob o céu de Brasília.

O Festival Sinfônico V conta com o patrocínio master da Shell, por meio da Lei de Incentivo à Cultura, com patrocínio do Grupo Santa, apoio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Sesec) e de Turismo (Setur) do Governo do Distrito Federal, da Capadócia, Infinu e Studio 267, e é realizada pela Associação dos Amigos das Artes de Brasília (AMABRA) e pelo Ministério da Cultura e Governo Federal.

5ª edição do Festival Sinfônico
Realizado pela Orquestra Filarmônica de Brasília. Neste sábado (7/9), na Concha Acústica de Brasília, a partir das 18h. Programação: Festivalzinho Viva Arte Viva em Cena e Coral 10; Eduardo Rangel;Marina Melaranci; Gabriel Grossi; Edson Cordeiro; Carmina Burana com Corpo de Baile da OFB, os solistas Daniel MenezesDiego Silveira e Natasha Salles (soprano) e Tutti Choir. Classificação indicativa livre. Ingresso: disponível no Sympla.

Fonte: Jornal de Brasília

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